27 de setembro de 2008

Teoria da Localidade.

Algum de vocês já percebeu como a vida é feita de situações de "Caramba que legal estar aqui" e "Puta que te pariu que porra eu estou fazendo aqui?".

Se não, parem pra perceber.

Eu acabei chamando isso pelo pomposo nome de "Teoria da localidade". Não que o nome ilustre completa e perfeitamente o conceito da coisa, mas eu achei legal e chamativo. Se já existe alguma teoria com esse nome, bom, o autor dela terá que se resignar à sua insignificância e mudar o tal nome, afinal teoria nenhuma é tão expetacular ao ponto de superar a minha e, assim, me fazer mudar de nome. Se bem que quando minha teoria passar a ser uma lei, ficarei feliz em modificar para "Lei da localidade by: Motta. Beijem minha bunda" E não adianta fazer birra, autores de livros de sociologia, o nome de uma lei JAMAIS pode ser modificado.


Estudantes de ciências sociais, esse será seu livro de cabeceira.


Agora irei ilustrar para vocês mais profundamente a tal teoria. Ela diz que a vida é composta basicamente dos momentos "Ai meu Deus, o que eu tô fazendo aqui?" e "Aê! Ainda bem que eu estou aqui!".

Claro que a soma dessas situações não vai dar cem por cento da sua vida, existem as situações em que você não pensa em porra nenhuma. Inclui-se aí: tomar banho, comer, cagar e, quem sabe no caso de você ser maior de idade, dirigir. Obviamente qualquer uma destas situações podem acabar se enquadrando numa das categorias acima citadas, se por exemplo, você não for maior de idade, tenha roubado o carro do seu pai e tenah acabado de ser parado por um guarda de trânsito, mas eu só estou considerando quando você as faz mecânicamente.

Mas como funciona isso, então?

É o seguinte, preste atenção em alguma atitude simples. Vou considerar a velha largada de barro, porque é muito mais fácil exemplificar de maneira hilária com alguma coisa bizarra e ao mesmo completamente natural como dar uma melada na porcelana. Pense bem como o simples ato de botar os marinheirinhos pra nadar pode ser algo bom e ruim. Imagine que você está num shopping, com a namorada (ou aquela garotinha linda que você descolou o telefone no caixa do supermercado e, CARALHO, ela aceitou sair com você) quando de repente você é açoitado por uma pontiaguda investida vinda do seu intestino. Com toda certeza essa será uma cagada memorável, no pior sentido possível. E com toda certeza também, no exato momento em que você estiver defecando, seja no banheiro imundo do shopping ou seja na frente da moçoila (eu sei lá se você conseguiu segurar...) você estará pensando "Puta que PARIU! O que caralhos eu estou fazendo aqui??". Porém se a situação for outra, e na verdade você estava dirigindo para casa, quando sentiu exatamente a mesma pontada no intestino, mas desta vez sua casa estava perto o suficiente e você teve todo o tempo necessário para chegar e dar aquela MEGA aliviada (com direito a um suspiro de "aaaaaah meu deus", enquanto a galerinha dava os mergulhos na bacia) você com certeza estará pensando "Putz, que belo lugar para eu estar agora!".

Eu me dei conta disso hoje, eu acho, enquanto analisava mais um fumo fatal pelo qual eu havia passado. Poupando-os dos detalhes sórdidos eu posso resumir que, eu havia acabado de perder uma noite de cana, mulher e musica boa, num bar bom e barato por causa de um celular fora de área e um desencontro de horários. As coisas mais inaceitáveis para um mundo globalizado e que vive na era da internet dois ponto zero, mas fazer o que, como diz o Earl, é o Karma.

O negócio é que, enquanto eu remoía minhas entranhas e meu sentimento de auto-owned, da maneira menos emo possível eu acabei me tocando nesta teoria (que em breve poderá deixar de ser uma teoria e assumir o rótulo de postulado e, quem sabe, lei). Claro que por causa de meu momento "Tomei no cu Brasil!" a minha conclusão foi que as situações de "Puta merda, o que porras eu to fazendo aqui?" acontecem com mais frequência do que as "Caramba, que beleza eu estar aqui!", isso por que ao forçar minha memória, contei mais situações A do que situações B.

Seria isso uma tendência mundial ou sou só eu que me fodo com uma frequência grande demais? Se for, foda-se. O lance é que eu realmente encasquetei com essa teoria. Pensem bem, toda a vida de vocês pode ser resumida em 3 situações, sendo que a terceira é a situação em que você não dá a mínima para o que está acontecendo. O que isso tem de importante? Absolutamente nada, mas passa uma sensação de ser algo importanete de se pensar.

E falando em se foder com frequência, comecei a aprender a tocar gaita (em aprender, leia-se: soprar o dito instrumento da maneira menos horrenda possível, enquanto você se esforça pra fingir que aquela profusão de sons parece com alguma coisa que já chegou perto de ser uma melodia) porém a gaita que eu peguei emprestado - sim, afinal eu não pretendia gastar dinehiro logo assim, de cara - está com exatamente os buracos necessários para que eu pratique a canção mais simples que eu achei para praticar quebrados. Uma beleza não? O mais bonito é que a música só utiliza três buracos, a merda da gaita têm dezesseis e os únicos três buracos quebrados são os que eu preciso pra praticar. Puta os que pariu, viu.

Graças a isto eu terei que me abalar até uma porra duma loja de música, no centro da cidade, pra gastar trinta ou quarenta - excluindo a gasolina que irá ser gasta - pilas numa porra duma gaita. É bom que eu aprenda mesmo esta porra.

Eu não sei por que, mas me vejo pensando "Táqueopariu! Que que eu to fazendo nessa merda de centro da cidade?" daqui a dois dias. Espero que eu só esteja sendo absurdamente pessimista.

blog comments powered by Disqus