16 de junho de 2008

Why don't u get a job? ou: vai trabalhar vagaba!

Galerinha e galeruxa, cá estou eu, voltando a minha atividade (quase) normal. Pretendo a partir de hoje voltar a postar todos os dias um texto decente e, com a graça do nosso senhor (ou caso você seja ateu, pela graça do "absolutamente nada"), de alguma forma engraçado.

Hoje gostaria de abrir um parêntesis para os pseudo-trabalhos, aqueles que a gente passa a fazer quando:
a) Precisamos provar para as pessoas que não somos completamente inúteis e que estamos SIM contribuindo de alguma maneira para a renda familiar, mesmo que seja com algo tão irrisório quanto a quantia dada pelo "Bolsa Família";
b) Estamos desesperados para juntar os primeiros "100 reais" possíveis para comprar aquela porcaria aleatória que nossos pais (ou responsáveis, lembrem-se: meu público-alvo inclui pessoas que, como eu, atingiram a maioridade ou estão perto dela, porém nem por isso estão longe da barra das saias de suas mães...) se negaram ou com toda certeza se negarão a comprar para nós, pobres estudantes;
c) Estamos em pleno dia 6, olhamos para nossas carteiras e, subitamente, descobrimos que só temos vinte reais para passar todo o resto do mês.

Seja lá qual for sua motivação, algum dia na sua vida você acaba arranjando um pseudo-emprego, que lhe pagará mau, não engordará seu currículo (embora o empregador poderá jurar para você que ser um "Fiscal de Provas" irá ser um magnífico adendo ao seu) e muito menos o deixará rico, mas servirá para resolver um dos problemas acima citados (ou algum outro, eu não posso imaginar todas as situações).

O factum é: eu, me vendo incluído dentro das três situações acima ao mesmo tempo decidi que estava na hora de fazer alguma coisa com meu tempo livre, que não fosse ver televisão, usar a internet, coçar meu digníssimo saco e comer. De fato eu não sei como até hoje não me tornei um saco de banhas, pois minha rotina diária tem menos exercícios do que é recomendado para uma senhora hipertensa, grávida e recém saída da quimioterapia. A decisão então havia sido tomada, porém uma dúvida persiste: o que uma pessoa que não faz o dia inteiro pode fazer com perícia o suficiente para não precisar participar de um programa de treinamento ou alguma entrevista de emprego? A resposta eu dei no parágrafo acima: Fiscalizar Provas. Que também é conhecido pela alcunha de "Fazer absolutamente nada, enquanto um grupo de alunos jura que você está fazendo alguma coisa".

Sem precisar de uma pesquisa mais profunda, me dirigi ao meu antigo (no qual estudei por onze longos anos) e fui rapidamente aceito para a atividade. Possivelmente minha notória habilidade ociosa foi reconhecida pela direção do colégio, pois não foram necessárias perguntas nem referências, foi algo do tipo "Opa eu queria ser fiscal de provas" "Já tava demorando a aparecer boy!". Depois de me passarem uma rápida instrução, e me comunicarem a quantia pífia que me seria paga ao final do mês caso eu tivesse fiscalizado provas o suficiente eu já estava pronto para o trabalho.

O grande lance da parada eu acho que não é a grana irrisória que você recebe, mas a diversão inesperada que o pseudo-trabalho gera. Eu não poderia imaginar que seria tão divertido rodar de um lado para o outro de uma sala de aula, durante quatro horas, enquanto cerca de sessenta alunos se matam queimando a própria mufa para fazer suas provas (ou para tentar driblar minha vigilância e efetuar um delito bem sucedido) poderia ser TÃO divertido. É interessante ver que aquelas pessoas que poderiam cagar em sua cara enquanto você está andando na rua o tratam como "Seu fiscal" e começam todas as suas frases com "Por favor". A experiência de possuir algum poder, mesmo que completamente efêmero e pequeno como este é maravilhosamente recompensadora. Nem o fato de ficar em pé quatro horas seguidas consegue diminuir isto.

É claro que nesta classe de empregos fictícios existem os estágios, que em um futuro próximo talvez eu escreva com mais profundidade. Mas o básico de um estágio está citado no início deste texto, com as diferenças que: Você não terá uma função específica, o que significa que será VOCÊ buscando os cafezinhos para o pessoal do escritório, além de ser também VOCÊ arrumando os arquivos do escritório, sem esquecer também que será VOCÊ indo pegar os documentos nas outras salas do escritório. Resumindo, será VOCÊ a fazer todos os trabalhos que ninguém tem saco de fazer.

Se você á passou por estas situações sabe do que eu estou falando, caso não, jamais pense que você tem sorte, você só não precisou o bastante de dinheiro.

Fui.

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