8 de julho de 2008

A magia da filosofia.

Enquanto eu estava relendo este texto para fazer uma revisão eu percebi que ele se parecia mais com o início de uma monografia (de um aluno muito escroto e muito vagabundo) do que com um post propriamente dito. Eu pensei em inserir palavrãs de baixíssimo calão e completamente apelativas aleatóriamente pelo texto para torna-lo mais divertido. Mas como nem dobrando o número de palavrões nesse troço ele ficou menos nerd e intelectual, eu só posso pedi-los para aguentar até o final.

Se não conseguirem, simplesmente finjam que leram e comentem alguma coisa bem vazia lá em baixo.

Agradecido pela compreensão.

Não sei se já falei isso por aqui alguma vez (acredito que não), mas eu sou um adepto ferrenho da filosofia do “Ligue o foda-se”.

Bom, para aqueles que não fazem idéia de como funciona tal filosofia, ou não fazem a mínima idéia da diferença entre filosofia e ideologia eu irei explicar rapidamente antes de prosseguir com o texto propriamente dito.

Uma ideologia é, como eu já falei uma vez por aqui, uma maneira de agir e pensar, que viso pôr uma idéia sobre qualquer coisa no mundo, basicamente na ideologia a idéia de um panaca qualquer passa a valer mais do que qualquer coisa que exista. A filosofia, pelo contrário tenta gerar uma comunhão entre idéias e “coisas”. Pra deixar mais claro: uma filosofia existe quando você tenta enxergar a “sua” verdade no mundo, por meio das coisas que existem nele. Na prática a diferença entre as duas paradas é que, um ideologista jamais deixará seu curso, pois as idéias (como são abstratas) persistem ao tempo e ao mundo. A prova disso é que nós podemos encontrar Neonazistas raspando a cabeça em qualquer metrópole do mundo, mesmo que a idéia em questão esteja completamente fora dum contexto de atualidade. Já alguém que segue uma filosofia é muito mais disposto à uma mudança, pois como as coisas evoluem e mudam as filosofias tem a tendência de fazer o mesmo. Não permanecem estáticas, ou simplesmente abrem brechas para se tornarem mais populares. Uma filosofia tende a tornar-se algo mais abrangente e interessante com o tempo, até fatalmente tornar-se outra coisa. A filosofia tenta, ao contrário das ideologias, conviver com o mundo, aceitando que a inteligência humana é capaz de, muitas vezes, apenas observar o mundo em toda sua complexidade e tentar compreende-lo. As ideologias na sua grande maioria esmagadora, vai tentar provar que o homem errou por que não pensava como ela propõe e por isso o mundo está como está.

Essa capacidade de mudanças e evolução de uma filosofia e a própria humildade com que ela trata as coisas que, na minha opinião, a torna uma coisa muito mais sólida e plausível do que uma ideologia. É claro que muitos intelectuais zé-ruelas vão chegar pra mim e dizer “Não mas toda filosofia vem de um pressuposto ideológico” eu primeiramente tenho que dizer a eles, fodam-se. Em segundo lugar eu também devo dizê-los que a filosofia é tão mais foda que uma ideologia justamente por ser uma evolução do pensamento ideológico. Por exemplo, existe uma ideologia mundial de que o homem é superior aos outros animais. Eu sinceramente acredito nisso, afinal eu não posso achar que macacos que brincam de atirar merda um nos outros sejam exatamente mais espertos que eu. Mas a ideologia é só uma parte do processo, afinal se nós fossemos ficar só com essa parte da idéia já teríamos gente pronta pra matar todos os macacos do mundo, já que, como eles são inferiores a nós não teriam o direito de usufruir das riquezas naturais que existem no mundo e que estão cada vez mais escassas. Só que para a sorte de nossos amigos primatas o Homem consegue enxergar um pouco mais longe e sacou que, todos que estão vivos têm o direito de viver e que se eles gostam de jogar bosta ou qualquer outra coisa uns nos outros isso é problema só deles. Esse último argumento foi uma filosofia, pois se baseou em algumas idéias (o homem é um animal superior a todos os outros), em fatos (os outros animais, mesmo sendo “inferiores”, ainda assim estão vivos, assim como o próprio homem) e chegou a uma conclusão mais completa e avançada que a ideologia pura.

Explicados estes detalhes (eu não sei por que, mas acredito que um monte de gente vai me encher os bagos com afirmações acadêmicas chatíssimas sobre filosofias e ideologias, mas eu estou correndo o risco por aqui) vamos para o “Ligue o foda-se”. Esta filosofia maravilhosa que eu adoto sempre que possível é uma das coisas mais legais que o ser humano já conseguiu conceber. No que essa filosofia se baseia? Vou começar com exemplos simples e vou evoluindo: Prova amanhã, você não estudou nada, o professor é um grande filho da puta e você acredita que o que você aprendeu durante as aulas não vai dar pra encher duas linhas de resposta? Ligue o foda-se e deixe rolar. Se você pegar em merda na prova, significa que você deveria ter estudado mais antes, se não, significa que você só estava se preocupando à toa. Ter estudado em cima da hora não teria ajudado em bosta nenhuma, só te daria a falsa sensação que você sabia de alguma coisa, pra no dia do resultado você descobrir que não sabia de nada. Você pode aplicar a filosofia de diversas formas e em diversas situações da vida. As maiores vantagens dessa beleza são que, além de evitarem o pânico prematuro, tornam você uma pessoa muito mais compreensiva em relação ao mundo. Não é todo mundo que, quando surpreendido com alguma notícia tipo “Parece que sua ex está namorando uma garota” diz ao invés de "Caralho! Puta que o pariu! Que merda!" um compreensivo, “Ah, foda-se, ela faz o que ela achar que é melhor para ela oras!”, claro que isso é uma suposição, mas vocês captaram a idéia.

É claro que, como um bom “desconcordador”, no final das contas eu acabo furando essa filosofia de um modo geral, mas eu realmente tento me manter nessa linha de raciocínio na maior parte das situações.

Mas vocês têm que concordar, não dá pra manter o "Ligue o foda-se" quando você torce o pé à uma semana da sua tão esperada viagem de férias. Por isso eu me dei ao direito de dizer: "Caralho! Puta que o pariu! Que merda!"

E entre vocês? Alguém aí já chegou a pensar em que “Filosofia” suas próprias vidas podem estar inseridas? Juro por deus (ou pela entidade superior de sua escolha) que se algum panaca disser ser Hippie eu matarei uma galinha preta, farei um montinho de farofa e vou regar seu e-mail com cachaça na esquina da minha casa, junto com uma vela preta, claro.

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