29 de junho de 2008

Ideologia?

Dois dias de inatividade. Incrível como metade dos meus posts ultimamente têm começado com alguma frase deste tipo. Algo tipo "Foi mal a demora galera", "Poxa, mais um post com uma semana de atraso...", pois dane-se. Não irei mais justificar ausências inferiores à 3(três, three, ou como preferem os franceses, trois) dias, irei simplesmente supor que você compreendem que eu possuo uma vida e, como possuidor de tal, sofro de imprevistos e acontecimentos diversos que me impedem de escrever todos santo dia algum post de 4 ou mais parágrafos. Grato pela compreensão.

Pois vamos deixar a enrolação de lado e seguir com o post de hoje.

O post de hoje será de um cunho bastante polêmico, surgiu na minha cabeça durante um bate-papo e a idéia cresceu (e tomou as proporções cômicas necessárias para que eu criasse coragem para escrever sobre). Escrevo hoje sobre as incríveis "Ideologias" e a maneira com as quais eu as encaro e o motivo pelo qual não me torno adepto de nenhuma delas.

Primeiro vamos à definição de "Ideologia" que estou utilizando-me aqui. Ideologia é algo pelo qual alguém, ou algum grupo de indivíduos VIVE INCONDICIONALMENTE, como OBJETIVO DE VIDA. Feito este esclarecimento vamos para as ditas cujas. O principal grupo de ideologias que me chama a atenção são as de cunho social, pois é nelas que aparecem as maiores panaquices que um ser humano consegue pensar.

Vamos partir do fenômeno PUNK. O que um Punk teoricamente é? Teoricamente meus amiguinhos, um punk é alguém que, a despeito do mundo que o rodeia, pensa de acordo com seus próprios ideais e age de acordo com estes mesmos. Alguém que (teoricamente, lembrem-se) não tem préconceitos sobre nada e repudia toda imposição de valores que lhe é feita. Bem bacana né? Mas então, o que na prática é um Punk? Na prática, a deturpação do sentimento de "Eu penso do meu jeito e ajo do meu jeito" criou uma legião de pivetes autistas que gostam de usar cabelos que imitam pavões no cio. Parece uma crueldade da generalização, mas não chega a ser um exagero. Ver um grupo de adolescentes usando dezenas de piercings e moicanos escrotíssimos enquanto não fazem nada a não ser uma baderna sem objetivos, com certeza não era o que estavam pensando os idealizadores do movimento. Se eu tivesse iniciado um movimento de auto-crítica, revolucionário e que visava a quebra de valores retrógrados e visse tal coisa repentinamente transformar-se numa roda punk, eu me sentiria como Santos Dummont quando observou seus aviões transformarem-se nas armas da primeira guerra mundial. Eu me sentiria puto.

Eu citei o Punk por que ele tem um sentido social muito forte, apesar de parecer que não. Os próximos serão mais facilmente identificados pelas suas faces sociais. o primeiro deles é o movimento socialista/comunista. O que teoricamente é um Socialista/Comunista? Bom na teoria, são pessoas que buscam uma igualdade social, onde não só as leis valham de formas iguais para todos, mas a economia manifeste-se igualitariamente também. Socialistas/comunistas são, na teoria, aqueles que lutam para que o filho de um pedreiro tenha as mesmas oportunidades dum filho de desembargador. Mas então, o que na prática é um Comunista/Socialista? Agora vem a triste verdade deturpadora. Socialistas/comunistas acabaram se tornando aqueles chatos que distribuem panfletos de "Luta contra o aumento das mensalidades da Universidade" ou os chatos que abrem faixas nos sinais com os dizeres "Por uma sociedade mais justa para todos!", resumindo são os chatos. E não só chatos. Chatos pra caralho que querem que o mundo mude, mesmo que eles não façam idéia de que jeito isso irá se dar, eles querem que mudem. Eles não estão interessados em saber que o custo da energia aumentou, ou se os salários mínimos subiram, eles querem que as mensalidades fiquem mais baratas. Não os interessa que uma constituição leve um ano ou mais para ser escrita por uma assembléia inteira, que por acaso foi escolhida pelo país em votação, eles querem que as leis sejam mais justas. Esse tipo de gente que não está nem aí como as coisas podem mudar, mas querem mudanças são chamados, na maioria dos casos, de Socialistas/Comunistas.

Outra variação da espécie acima é o anarquista. O que teoricamente é um Anarquista? Na teoria o anarquista é o mais legal de todos e também o mais utópico. A parada é mais ou menos assim, a anarquia seria uma evolução da sociedade, de um modo que ninguém precisaria ser mandado a fazer algo, perdendo-se assim a necessidade de um governo e automaticamente de uma massa opressora sobre uma oprimida. A luta do anarquista é ajudar a sociedade a entrar nesses "eixos" de compreensão necessários para atingirmos a anarquia. Mas então, o que na prática é um Anarquista? Em resumo? Um vagabundo reclamão. Para deixar mais bem explicado, um anarquista é alguém que detesta o mundo, porque ele está completamente errado, porém ele não faz idéia de como pode mudá-lo, então ele reclama. Fala mal das pessoas, que são alienadas e não sabem o verdadeiro sentido de suas existências medíocres. Fala mal dos governos, cujas únicas aspirações são: foder o povo e foder o povo. Além de reclamarem dos outros anarquistas, que só fazem reclamar do mundo sem mover uma palha para mudá-lo efetivamente. Tudo isso temperado, claro, com altas doses de vagabundagem e ócio.

Claro que por último não podemos deixar de falar dos capitalistas. O que teoricamente é um Capitalista? Teoricamente o capitalista é alguém que deseja ser recompensado pelos seus esforços de maneira proporcional aos mesmos. Não é um conceito realmente difícil de entender, afinal a maior parte da população mundial vive sob esta lógica. Mas então, o que na prática é um Capitalista? Na prática um capitalista é um escroto. Fácil assim. E o mais assustador disto é quematemáticamente isto faz da população mundial, em sua grande maioria, uma cambada de escrotos. E eu não digo isto só pela lógica do "Eu tenho que lucrar mais que os outros", mas sim por que o capitalismo inflama dentro do ser humano um individualismo que contradiz completamente o conceito de "sociedade". No fundo no fundo o capitalismo desemboca numa sociedade sem um "social" onde cada pessoa passa a viver no seu próprio mundo. Eu faço parte deste último grupo, como provavelmente (mas muito provavelmente MESMO) você também leitor. Não me orgulho disso, mas é o melhor com o qual conseguimos efetivamente viver até hoje e como eu não tenho vocação ativista, é com isso que eu vivo. Até porque, se eu tiver alguma vocação ativista, acabarei me enquadrando em um dos três grupos acima citados. Deprimente.

Mas que lição pode-se tirar disto tudo?

Ideologias são uma merda, eu não me orgulho de ser capitalista ou qualquer coisa do tipo, de fato eu sou capitalista por que não me sinto feliz com a idéia de morar debaixo de uma ponte e o Caminhão do Faustão acabou antes de me dar uma casa nova de graça...

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