15 de maio de 2008

Dominó e seus estereótipos

Quem disse que resenhas de jogos só podem ser feitos com os últimos lançamentos da Blizzard ou da Rockstar Games?


Quando alguém pergunta para você, de sopetão "que jogo você considera como o melhor do mundo?" o que você responderia?

Muitos dos meus amigos nerds que estão lendo isso diriam algo em torno de GTA (1 até 4), Halo ou Qualquer coisa nesse gênero. A minha resposta seria bem mais simples (e bem mais sem-graça para a maioria das pessoas), eu diria: Dominó.


"The best game ever" segundo qualquer dono de botequim.

Sério mesmo, eu mal posso explicar como jogar Dominó é tão maravilhosamente espetacular como realmente é. A graça do dominó talvez não esteja em sua complexidade, por que na verdade ela é praticamente ausente. Um Exímio jogador de dominó precisa conhecer somente seis seqüências de sete combinações diferentes (ou vinte e oito pedras). Um nada se for comparado com as combinações possíveis entre as dezenas de milhares de itens, pedras mágicas e habilidades possíveis para montar aquele personagem do seu MMORPG preferido. Mas talvez seja aí que more a beleza desse jogo que é quase um esporte. A coisa é tão simples que todos conseguem compreender e não tarda para uma mesa de dominó estar rodeada de curiosos e gente disposta à esperar para jogar uma próxima.

Outras maravilhas do grandioso dominó são: as gritarias e gestos estereotipados que ele trás consigo. Uma mesa de dominó que permanece em silêncio é uma mesa de dominó composta por cadáveres em putrefação. Não existe um jogo em que pelo menos uma pessoa não esteja cantarolando ou batendo as pedras com mais força que o necessário, fazendo um som característico que lembra um azulejo sendo jogado na parede.

Talvez por eu perder tanto do meu tempo, principalmente na faculdade, jogando dominó, hoje eu seja capaz de reconhecer vários tipos de jogadores que se apresentam nas diversas mesas de dominó ao redor do mundo. Não importa que língua falem, eles sempre agem do mesmo jeito.

O primeiro da lista é o mais recorrente: Aquele que diz que não sabe jogar direito. Este é o estereótipo mais chato e entediante (afinal, tudo o que é normal e comum demais se torna entediante. Vide as novelas da Rede Globo) e é composto por aquelas pessoas que se sentam à mesa desculpando-se com todos os presentes pela sua inabilidade em JUNTAS PEÇAS COM NÚMERO DE PONTOS IGUAIS, para este tipo de jogador só lhe resta manda-los tomar no meio do olho de seus anus e torcer para que o jogo termine logo.

Outro estereótipo presente em muitas das mesas de dominó seria o chato. Mas não é um chato comum, é um chato no dominó. Um cara que sabe que possui certa experiência no jogo e não se contenta apenas que todos saibam disso, mas ele espera que todos os presentes lhe reverenciem por isso. Infelizmente para ele o dominó é uma caixinha de surpresas e volta-e-meia surpreende este tipo de jogadores com alguma derrota retumbante, o que obviamente os deixa extremamente irritadiços e mais chatos que de costume. Para este tipo de jogador o remédio seria ganhar deles o mais rápido possível, você realmente não vai querer ter um chato na sua mesa.

O terceiro tipo, os Irritantes, pode ser dividido em duas categorias: os Barulhentos, e os Insistentes. Os barulhentos são os mais comuns (principalmente pela atmosfera que o jogo imprime nos seus jogadores) e caracterizam-se por bater as pedras com muita força, falar muito alto quando fazem alguma coisa importante (ou escrota) num jogo. Os irritantes persistentes utilizam-se de um refinamento um pouco maior e ao invés de simplesmente berrarem provocações eles às repetem cada vez que lhes é possível faze-lo (principalmente quando é a vez deles jogar). Obviamente existe um híbrido dos dois (grupo no qual provavelmente me incluo) que é compostos por criaturas realmente muito chatas em jogo de dominó, que não só insistem em suas provocações e jargões de jogo, como o fazem em voz alta enquanto batucam suas pedras. Para este tipo de jogador lhe resta somente duas opções, jogue melhor que eles e os faça perder de uma maneira humilhante (o que vai tirar toda a vontade possuída por eles de fazer chacotas) ou esmurre-os na fuça.

O último tipo que irei citar aqui é provavelmente o mais raro de todos, eu particularmente vi muitos poucos destes. São os Silenciosos vencedores. Aqueles sujeitos que não fazem piadinhas, não falam jargões, não batem as pedras com força e muito menos provocam seus adversários após fazê-los passar, porém sempre vencem as partidas e estão sempre sentados na mesa. Contra este tipo a sua habilidade nem sempre será suficiente, é aqui que você poderá assumir a forma de um irritante insistente e barulhento (como eu) e faze-los perder o saco de concentrar-se no jogo.

Não vou criar um grupo específico para os Ladrões inveterados (que escondem pedras, passam gatos-por-lebres e afins), pois estes podem se enquadrar em qualquer um dos grupos (inclusive no dos silenciosos vencedores!) para estes só lhe resta manter os olhos abertos e seu soco inglês à postos para qualquer putaria que um destes quiser aprontar durante os jogos.

Depois que você passa à observar estes comportamentos o jogo toma uma dimensão inteiramente nova, as coisas ficam muito mais divertidas e interessantes. E se ainda sim você continua achando que dominó é um jogo de velhos e/ou bêbados, foda-se você não sabe de nada. Volte para casa e vá zerar Final fantasy X-2 pela décima vez e não me encha os bagos.

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